terça-feira, 5 de agosto de 2008

2007


Naquele pesadelo eu era o ser mais inexperiente. Um recém chegado à vida adulta e à liberdade, que é sempre parcial. Nele, todas as circunstâncias eram proporcionadas por um ser desconhecido que seguia uma coerência estranha e cheia de vicissitudes. Ele me expulsou brutalmente da vida confortável em que a farsa perene e a super-proteção me situava e me fez escolher e escolher. Uma prática tão nova na minha vida. Ele me fez ter que cuidar de mim pela primeira vez e nesse maldito, interminável e diabólico pesadelo eu troquei os pés pelas mãos e começei a cair me batendo em rochedos e objetos cortantes.

Ele também me fez trair e desapontar. E eu quis continuar vivendo confortávelmente num mundo que era desconhecido para mim e que estva em guerra. Nesse novo mundo eu estava confinado e tudo que sabia a meu respeito tem a ver com a queda que me conduziu até lá.
É assim que eu era conhecido naquele inferno: o menino que caiu para cá e chegou machucado, dando passos desordenados e se comportando de forma contratitória.
Naquele pesadelo, eu fiz o que me restava fazer: correr! Eu corri o mais rápido que eu pude e me escondi atrás de uma igreja. O prédio parecia alto, eu conseguia ver o vento passar e chorei e solucei, me senti só.

Eu não tinha mãe e tentei pedir ao vento que me levasse com ele pra onde quer que ele fosse.
Uma moça passou e eu pensei que fosse sua resposta e que eu iria, finalmente, pra longe, mas então eu levantei e tudo tinha voltado ao seu lugar.
_ "Aqui é crime ter conforto, querido!", é o que insistem em me dizer.
_"Aqui é crime querer seu bem!"
_"Aqui é crime ficar confuso e deslumbrado".

E me disseram também que a pena lá era uma só para qualquer delito: prisão perpétua. Porque a morte não era considerada punição por lá. O incomun ali é que fugir não era crime, mas no momento em que eu decidi fugir eu acordei. Sem saber quem era eu.

4 comentários:

Palatus disse...

Alô, meu irmão...
Não sabia que tinha um blog tão novo quanto excelente! Tudo bem que não é novidade dizer que você escreve bem, mas que sabe fazer poesia sem simplesmente ter que rimar, isso eu não sabia. Seus textos verdadeiramente me iluminam. Se na Grécia Antiga os filósofos passavam um tempão dialogando, na modernidade os poetas, pensadores, cientistas etc...enviavam correspondências via correios. Ainda bem que hoje temos net, assim poderemos nos corresponder por esse meio tão legal. Obrigado pela visita lá no Palatus. Já sabe né, aqui o "Innocent Pace"é minha fonte para beber boas leituras. Saúde, amigo!!!

Anônimo disse...

Leo, esse me deixou tensa kkkk
q pesadelo hein nego,
ainda bem q vc acordou
bjussssss

Unknown disse...

Bravo!Bravo!!!!
Palmas!!!Palmas!!
Parabéns...
Simplesmente Sensacional

curtas e grossas disse...

definitivamente pertubador...