O insuportável "puxa-saco" tem mesmo seu espaço social. É aquele que tapeia e faz de conta que ama seu patrão ou provedor de alguma coisa em busca de benefícios. Quando chamamos esta conhecida figura de insuportável, denotamos nossa desaprovação por sua postura e/ou comportamento. Mas é impossível não indagar do benefício adquirido com o hábito do agradar, em contraste com o leque de retornos, favoráveis ou não, que podem advir da imposição do nosso ser e da nossa individualidade.
Ser puxa-saco é mais que um comportamento esporádico, é um estilo de vida. O indivíduo está disposto a elogiar, acompanhar, disfarçar e fingir ser, gostar, fazer ou não fazer algo. Não é apenas do funcionário que falamos. O "fenômeno social" extende-se a filhos, estudantes, amigos, parentes em geral e o benefício de sua atividade vai muito além de favoritismo profissional ou promoções. Chega à obtenção de paz familiar; lap-tops, carros, roupas, eleições acadêmicas, notas e, tudo isso, com o inestimável ganho de uma vida dupla nas quais ora, o indivíduo é tenaz, profisisonal, bem comportado, cristão e austero; ora, é um vívido apreciador dos prazeres da carne, da luxúria, da bebida, do sexo e do chamado mundano bom viver.
É covardia esquivar-se de pressão, maus tratos e da retenção de benefícios ? Ou seria uma prática da inteligência e audácia? E, por odiar o comportamento "puxa-saco" de alguns, não estamos, na verdade, anunciando nossa inveja pelos bens obtidos com o esforço ( sim, porque não deixa de ser..) dos colegas teatrais?
Em contra-partida dos ganhos obtidos com o inteiro sistema de dupla vivência dos colegas de trabalho, escola, irmãos e parentes; estão os olhares reprobatórios e as cenas explícitas em que os autênticos impositores de uma indidualidade são preteridos pelos massageadores de ego profissionais. O embate entre a dissimulação resultante da covardia ( ou da inteligência) e a autenticidade resultante da coragem ( ou ininteligênicia).
Nesse aspecto, por que as coisas não podem seguir o rumo da inocente e pessoal escolha e os autênticos e dissimulados não podem co-existir pacificamente? Por que quando o assunto é comportamento, grupos distintos são sempre grupos de batalha que pensam de sí mesmos, serem melhores e adotarem um estilo de vida mais saudável?
O fato é que se o arrojo do pensamento e ação de uma pessoa ou grupo, quando inofensivos (porque não tratei dos possíveis puxões de tapete, que, no final, podem vir de qualquer parte e não podemos generalizar) não for respeitado como manifestação de individualidade e escolha, a paz mundial estará terrivelmente ameaçada.
Um comentário:
Acredito que esse tema é por demais complexo. Envolve muitas variáveis, principalmente se levarmos em consideração questões regionais, intelectuais e políticas.
Acredito que o "puxa-saco" é como o corrupto, só exite o puxa-saco porque existe alguém que o incetive, assim como só existe o corrupto porque existe alguém para corrompê-lo.
Sâmeque Oliveira
Salvador/Ba
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