quarta-feira, 7 de abril de 2010

Meu estilo!


Quando fazia parte de uma religião, não conseguia parar de fazer comparações entre as pessoas e eu, porque parecia que para todos os outros era muito simples seguir aquela cartilha, enquanto eu me matava para ler um capítulo da Bíblia por dia. Sem sucesso, por sinal.

Hoje, numa vida bem menos religiosa, me pergunto por que as pessoas a minha volta parecem tão infelizes e frustradas, mas, ao mesmo tempo tão calmas e conformadas, enquanto eu sinto uma angústia "tsunamica" quanto a tudo que eu não fiz, ao que deveria ter feito, o que falta fazer e, principalmente, o que conseguiria se tivesse feito.

As pessoas começam a contar suas experiências de vida e... conclusão: Todo mundo já sofreu um bocado na vida e já teve dúvidas sobre o que fazer. Agora, me sinto apavorado por ter, como todos os outros, sofrido um bocado, tido dúvidas e continuar sem saber o que fazer.

Mais apavorante ainda, é a eminência de me tornar uma dessas pessoas infelizes, frustradas, mas, ao mesmo tempo calmas e conformadas que tanto odeio. Tudo isso porque estou com medo de fazer algo.

Num mundo tão cheio de possibilidades, é tão anormal não ter certeza de para onde devemos ir, o que devemos fazer? E, é possível que nossas escolhas, por mais que pensadas e calculadas, sejam infalívelmente acertadas?

Mudanças. Quando uma pessoa vive mudando, de cidade, trabalho, estilo, namorado ou o que seja, a sua versatilidade, disposição e coragem para a experimentação é, prontamente, interpretada como indício de instabilidade e volubilidade.

Mas, quem foi mesmo que disse que buscar (incansávelmente) por aquilo que cabe direitinho para você se tornou instabilidade e volubilidade? Eu tenho me mantido fiel a essa busca por 16 anos e estou certo de que, ser fiel a qualquer coisa que seja por tanto tempo só pode ser sinal de estabilidade e firmeza.

Confesso que, às vezes, é muito tentador sentar e contemplar o que, simplesmente aconteceu nas nossas vidas; às vezes, é muito tentador ser uma dessas pessoas que odeio e fingir tão bem que sou feliz com o que tenho que até eu mesmo acredite nisso.

Mas, sendo fiel, estável e firme com quem sou desde sempre: o fato é que esse NUNCA foi meu estilo!

Um comentário:

Unknown disse...

Comodismo é para os fracos, todo tipo de mudança é válida, somos e vivemos em mutação, se qualquer dúvida te assolar busque o pai, ouça Raul dizer que: "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante", ou ainda ouça com um certo riso zombeteiro " ouro de tolo" e contemple-se enquanto ser humano, falho e assustado. Não é anormal, para quem está além das balizas de "normalidade", ter medo a um certo ponto- mesmo o medo da equiparação - anormal seria você concordar que com quem se acomoda. Mudar é tão inerente à raça humana, quanto ser livre.