OLIVEIRA

Folheei as páginas desse meu livro incompleto.
Costurei com algumas fotos e memórias desse meu vasto arquivo de felicidades, experiências e emoções destruídas um remendo de mim mesmo.
O quanto fui feliz como parte de uma grande árvore plantada no caminho casa nova, n.º 10. Hoje, apenas alguns galhos e mudas espalhadas e perdidas.
Onde estamos hoje espalhados?
Nunca imaginei que chegaria o dia em que seríamos adultos. E, nem em meus mais terríveis pesadelos imaginei que isso aconteceria enquanto estivéssemos tão afastados, embora, geograficamente, tão próximos.
O fato de que não nos vemos com freqüência não me incomoda. Não se pode parar a evolução de um processo natural. Mas, paro para pensar em alguns dos meus com os quais tenho uma relação desgastada e interrompida.
Penso que estes são os mesmos dos quais um dia estive tão próximo e dos quais me senti tão dependente por estar, pensava, tão protegido.
Somos uns fracassados!
Nenhum de nós teve sucesso em manter erguida a instituição que nos fez viver.
Todos nós nos distraímos e ficamos cegos ao enxergar e apontar os problemas do galho vizinho e sofremos.
Porque cada um construiu sua ponte; a atravessou e depois a explodiu.
Agora não tem mais volta.
No livro e na costura, estão penduradas ou escritas as mais honrosas e dignificantes histórias de amizade e de amor.
A história de seis mulheres e seus homens e seus filhos. A história de seus filhos e seus amigos, a história de seus filhos como amigos, como primos, como irmãos. A história de cinco mulheres irmãs. A história de uma mulher mãe, grande mãe.
Por fim, as histórias não tão honrosas ou dignificantes de como essas pessoas, um dia, naturalmente escolheram caminhos diferentes e por não se conformarem com a naturalidade desse fato, passaram a pensar de si mesmas que seus respectivos caminhos e escolhas eram as mais acertadas.
Cada muda, cada galho transformou-se em árvore.
Cada muda, cada galho esqueceu-se da árvore que as gerou.
Cada muda, cada galho em seu lugar... isolados.