segunda-feira, 14 de março de 2011

Nascidos de que jeito?


"Eu sou belo do meu jeito, porque Deus não comete erros. Estou no caminho certo, baby. Eu nasci assim." (Lady Gaga, Born this way)

Concluindo sobre esta beleza de nascença cantada por Lady Gaga, depois deste carnaval em Salvador: Como está bela a comunidade das siglas enigmáticas!

Peitos, coxas, bundas, cabelos e tatuagens perfeitos. Definitivamente, Deus não comete erros. Das "barbies" às "pão com ovo", todas aprenderam a lição da Lady Gaga ao editar suas imagens através de comportamentos, frases e roupas. Uma direção e seleção digna de Steven Klein.

Entretanto, quanto mais perto e mais íntimo do L, do G, do B ou do T, mais percebe-se o quanto o "carão" sustentado na boate e/ou o peito estufado por trás do abadá do crocodilo são falsos.

Em que transformou-se o movimvento libertador da sigla? Uma réplica piorada do modelo preconceituoso, hipócrita e repressor de sociedade?

De repente, a comunidade gay parece ter proclamado uma guerra interna da qual a arma mais poderosa é o status. E para quem não sabe, status é 'comprar aquilo que você não precisa, com o dinheiro que você não tem, para exibir para gente que você não gosta, aquilo que você não é'.

E, nisso, resume-se a experiência de libertação da comunidade gay de salvador. Uma cidade, como disse meu amigo Paulo Torres, grande por fora e pequena por dentro. Imagino que até Lady Gaga ficaria desapontada com a atitude arrogante, hipócrita, preconceituosa e, principalmente, excludente dos gays que estouram seus cartões de crédito, cheques especiais e passam o ano inteiro pagando para , por exemplo, peregrinar atrás de um carro de som, com sua camiseta salvadora, vugo camiseta de bloco, simulando sorrisos amarelos em fotos que fazem, exclusivamente, para postar em suas redes sociais.

É visível o esforço exaustivo que a grande maioria faz para alcançar cada um dos indicadores sociais que elas mesmas criaram, desvirtuando assim, essa comunidade que, um dia, raiou pela liberdade, respeito e igualdade.

Onde está o respeito pela própria identidade destas pessoas que amam boa música e amam a beleza do ser e, deveriam, PRATICAR o ser; quando estão sempre recostados nas paredes das baladas com suas roupas coloridas, com os dedos dos pés retraídos dentro do sapato e movimentos calculados com precisão cirúrgica no pavor de parecerem ser o que realmente são?

Onde está a coragem em prol da própria identidade destas pessoas quando dançam como nerds, escondendo a sapiência quase profissional de dança e precisam estar inundadas de álcool para renderem-se ao soar das 3hs da manhã e, finalmente, começar a dançar, conversar e beijar, mas, apenas com aqueles que atendem ao critério quase inatingível que acovardaram-se a exercer?

A conclamação pela união, respeito, igualdade e, principalmente, liberdade dos ícones gays parece não ter ultrapassado, sequer, a barreira da língua, quanto mais, as barreiras, ou melhor, as barragens que limitam as mentes futilizadas e abiloladas, cheias de ideias que contradizem com o que 'curtem'.

Precisam, mais do que nunca, realmente compreender seus ídolos que já estão roucos e irritados de gritar: "express yourself", "I will survive", "It don't matter if you're black or white".

Precisam fazer menos carão e mais carinho. Precisam ser belos de seu jeito... do jeito que nasceram.

Um comentário:

Maria do Carmo Vieira disse...

E aí, Alex, anda com preguiça de escrever, é?

Bjus!