quinta-feira, 26 de maio de 2011

Saudade

Desde crianças, ouvimos sobre a peculiaridade da palavra saudade, do privilégio que temos por poder usá-la e da exclusividade da sua existência em nossa língua.

Saudade, para nós, sempre foi palavra que dá nome a uma coisa. Coisa que dá e passa; saudade é o amor que fica; saudade dói, dói, dói.

Em prosa, em poesia, em correntes, a saudade figura em muitas formas, cores e descrições e eu concluo: Quem quer que tenha criado essa palavra que dá nome a uma coisa, não sabia que essa coisa está além de qualquer palavra.

Saudade é o nome que a gente usa para quando o amor não pode ser executado; quando o carinho não encontra seu alvo (Entre outras coisas, claro). Saudade vem e vai como um lembrete do que falta em nosso sistema; do que nos desestabiliza.

A encaixamos, todo dia, na categoria das sensações fisiológicas: "Tô com fome" para quando falta comida; "tô com sede" para quando falta água; e "tô com saudade" para quando falta... (o quê, exatamente?)

Não se pode alcançar exatidão com a saudade. Saudade pode ser de quê ou de quem, de algo ou de alguém. Saudade desperta com um cheiro ou com a ausência de um cheiro. Saudade desperta com um sonho que faz você perceber o quanto necessita de algo (ou alguém); Saudade de amigos, da família, saudade daquela camisa que manchou, pode-se sentir saudade de qualquer coisa; até de uma surra.

Saudade é uma foto que tiramos do que é bom e veneramos, desejando que tudo seja daquele jeito pra sempre; ou, pelo menos, mais uma vez.

Tem saudade que tem cura e tem saudade que não tem. Saudade que a gente mata e saudade que mata a gente... "Tô morreeeendo de saudade". Tem saudade que a gente enterra para não morrer. Saudade é coisa que não tem como descrever.

Como pintar a saudade com uma cor alegre se a alegria só vem quando a gente mata ela?


Enfim, saudade dói e machuca... mas, quando a gente tem a chance de dar o troco nela, é, simplesmente, maravilhoso.

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